Quinta feira à tarde. Estava eu em cima de um andaime à espera que o artolinhas do servente me enchesse a estancia com massa, enquanto pensava, empenhado em me compensar do esforço do dia a dia, que agora com a vinda do FMI, o pessoal da boa vida, os tais que se sentem realizados, ou não, com a vida que levam, agora eles iam ter que abrir os olhos e perceberem que aqui por estes lados a realização que conta é o numero de tijolos assentes no final do dia.
Mas as quintas feiras à tarde não são iguais para todos, enquanto eu me preocupava com a justiça no mundo pendurado num andaime, os funcionários públicos (aqueles que se acham sempre prejudicados com as medidas de austeridade) gozavam uma folgazinha, para juntar aos feriados, enquanto os tipos do FMI continuavam a trabalhar, sem folgas, para tentar salvar o país da bancarrota.
A isto, chamo eu, esticar a corda!
“São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada”
(Zeca Afonso – Vampiros)
