terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Au revoir mes amis!

Por vezes, não temos presença física, nem psicológica para escrever, ou sequer pensar. São assim os momentos das grandes mudanças. Mas é também a vantagem de ter um blog nosso: escrevemos se nos apetecer e não por  encomenda ou por obrigação.
Ainda o senhor Relvas, o Miguel, não tinha mandado os portugueses para fora de Portugal, e já eu estava instalado na terra do Castelo Vermelho ou  rouge como se diz aqui em cima. Sempre que junto estas duas palavras: Castelo e Vermelho, lembro-me invariavelmente da genial ginginha dos castelos, não deste encarnado mas sim do nosso castelo de Ourém.  Para me tratar dos males da saudade, um amigo portugaise que trabalha comigo ofereceu-me uma garrafa de “Boudier Liqueur” que segundo ele era tal e qual a ginginha, vim a descobrir, no entanto, que era uma zurrapa desconsolada, do pior, um insulto para a verdadeira, aquela que só tem  sabor quando saboreada no local junto com os nossos amigos.
Aqui me instalei, não porque um qualquer ministro adjunto me indicou, mas porque assim decidi, por minha iniciativa, uma réstia de dignidade na desgraça.
As coisas até estão a correr bem, aqui sou um maçon, o que, pelo menos em Portugal parece ser coisa de gente importante, não sou um grão mestre mas já levo a carrinha do patrão para casa e até, confesso, já penso em chegar a “chef de chantier”.
Pois é, a vida é dura, se os chorões (sem vergonha),  tipos que recebem 10.000 euros de reforma mensal soubessem…
Resta-me apenas um consolo: nem esses nem o Relvas, nem o resto da cambada saberão nunca a diferença entre um Boudier Liqueur e uma ginginha dos castelos, porque o segredo está na alma das pessoas e eles há muito tempo que venderam a deles.
Nesta minha ausência, Portugal, a Freixianda e este blog, continuarão o seu caminho, o que nos caso do biscadetres será com certeza  um caminho de sucesso alicerçado na qualidade dos meus colegas bisqueiros. “O caminho faz-se caminhando, quando não há caminho faz-se o caminho ao andar.”